Conferencias de la Universidad Nacional de Córdoba, V Congreso Género y Sociedad: "Desarticular entramados de exclusión y violencias, tramar emancipaciones colectivas"

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JOVENS TERRITÓRIOS URBANOS: A CIDADE COMO ESPAÇO DE LUTA E SOCIALIZAÇÃO
Victor Hugo Nedel Oliveira, Miriam Pires Corrêa de Lacerda, Tatiana Prevedello

Última modificación: 17-12-2018

Resumen


Como os jovens contemporâneos se apropriam do espaço urbano? Sabemos, de fato, dos percursos do jovem na cidade? Qual a relação deste tema com os conceitos de gênero, classe e etnia em um mundo globalizado e contemporâneo? Para responder estas perguntas se faz necessário uma profunda imersão na etnografia do jovem contemporâneo. Várias pesquisas (FEIXA, 1998; PAIS, 2005) já apontam para determinados usos do espaço urbano pelo jovem e como os mesmos de apropriam destes espaços, utilizando-os das mais diferentes formas. A resposta para esta pergunta preconiza denso aporte de discussão teórica e de perpepções das vivências juvenis em relação ao direito à cidade (LEFEBVRE, 1968).

O principal objetivo do estudo foi reconhecer a apropriação do espaço urbano pelos jovens contemporâneos, a fim de entender por quais espaços transitam e sua relação com tais espaços, de acordo com as diferenças expressadas nas condicionantes de gênero, classe e etnia.

Tratou-se de um estudo qualitativo, que, para atingir os objetivos propostos, fez uso da metodologia de cartas (OLIVEIRA, 2016) e para a análise dos dados, utilizou-se da análise de conteúdo (BARDIN, 1977). O estudo foi desenvolvido junto a trinta jovens entre 15 e 25 anos que frequentam uma escola pública de um grande cidade brasileira: Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Os sujeitos da pesquisa receberam a instrução de que acolheriam um turista vindo do exterior, e teriam que apresentar sua cidade para este extrangeiro por um período de vinte e quatro horas. A partir deste ponto, os sujeitos deveriam escrever sobre seus trajetos urbanos.

Por se tratar de um estudo que analisou as relações dos jovens com a cidade, alguns importantes conceitos foram levados em consideração, haja vista que tais relações juvenis e urbanas não são isoladas, mas estão interrlacionadas com diversas interfaces. Dessa forma, os principais conceitos que regem a pesquisa são:

(a) Juventudes: A transformação terminológica que nos autorizará a falar em juventudes corresponde ao reconhecimento da existência de distintos universos sociais. Entendemos que a retomada do conceito genérico de juventude concederá lugar a uma forma de ser jovem em uma cidade, em um bairro ou uma comunidade concreta em um tempo também determinado. E? importante mencionar que, se de um lado a categoria juventude contempla de alguma forma, as inquietudes e os conflitos de um tempo de vida com o qual, muitos adultos, encontram-se identificados, de outro, deparamos com manifestac?o?es na sociedade e que parecem na?o enxergar as juventudes com bons olhos, caracterizando-as como fase negativa e perigosa, que necessita, por vezes, da massiva intervenc?a?o do poder pu?blico. (DAYRELL, 2007; ABRAMO, 2005).

(b) Espaço Urbano: O espaço urbano é defino como uma unidade de análise consistindo em um conjunto de edifícios, atividades e população conjuntamente reunidos no espaço (CLARK, 1991). Fica clara a expressão do autor quando apresenta uma cidade como um sistema de objetos – edifícios – mas também como um sistema de ações/movimentos – atividades e população – assim sendo, podemos entender o espaço urbano pela lógica do próprio espaço geográfico.

(c) Gênero: As desigualdades de gênero começam desde a infância e se estendem até a vida adulta, passando pela juventude. Na verdade, de maneira muito geral, as meninas gostam das “Barbies”, gostam de brincar cozinhando, fazendo a limpeza e os meninos gostam do “Action Man”, dos jogos envolvendo força, etc. As desigualdades começam aqui, tendo a cidade como panorama de tais difetenças. O indivíduo, desde a socialização primária aprende as diferenças de gênero (BOURDIEU, 1998).

(d) Classe: O conceito de classe social pode ser interpretado através diferentes pontos de vista, no entanto, a definição mais usual refere-se ao grupo limitador de indivíduos que constituem um mesmo nível e poder econômico, além de terem acesso a oportunidades e opções de lazer e entretenimento diferenciados. De acordo com a teoria marxista sobre a divisão das classes, em toda a sociedade capitalista existe um grupo dominante, responsável por ditar os padrões vigentes naquela sociedade, além de influenciar o controle do Estado, direta ou indiretamente (MARX, 1975).

(e) Etnia: A etnia, ou grupo étnico, divide uma uniformidade cultural, com as mesmas tradições, conhecimentos, técnicas, habilidades, língua e comportamento. Adotamos nesta investigação o conceito de etnia e não o conceito de raça, que não são sinônimos. A palavra raça caiu em desuso pela comunidade científica quando se corresponde ao diferentes grupos humanos. A ideia de etnia é um conceito diferente da noção social de raça que se usava até a metade do século XX, e abrange mais aspectos culturais (SANTOS, 2010).

Os achados do estudo apontaram na direção de diferentes formas de apropriação do espaço urbano com recorrências significativas, como por exemplo que os três lugares mais citados na cidade de investigação foram locais públicos que são conhecidas áreas de lazer e ócio. Os shoppings apareceram com significativa relevância: dos lugares citados, sete foram shoppings, o que leva a reflexão sobre os espaços e os modos de consumo da juventude contemporânea.

Assim sendo, entende-se que efetivamente os jovens constroem a cada dia uma nova cidade. Com as amostras da pesquisa, sendo construído uma cartografia dos jovens na cidade, ou seja, os transitos dos mesmos – para além de suas rotinas diárias – ao levar um turísta para conhecer sua cidade os mesmos criam vínculos de identidade e pertencimento aos diferentes espaços. Os resultados de nossos estudos corroboram igualmente com as ideias do autor quando aponta que os jovens que compartilham os mesmos referenciais de identidade (em nosso caso: escola pública, baixo nível socioeconômico, moradores de regiões periferiféricas) tornam-se importentes para reconhecer a multiplicidade de sinais que emanam de suas múltiplas práticas (ao não reconhecerem todo o espaço urbano citado ou citar espaços nos quais nunca frequentaram, hipoteticamente).

Desta forma, conclui-se que os jovens contemporâneos de escola pública possuem significativas vivências urbanas, entretanto, lhes falta uma maior apropriação deste espaço, com o intuito de melhor conhecê-lo, seus pontos principais e suas questões de ordem público e social, tal consideração ultrapassa as barreiras de gênero, classe ou etnia, na medida em que a condição juvenil já coloca à par tal inclusão conceitual.


Palabras clave


juventudes, cidade, territórios.

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