Última modificación: 18-12-2018
Resumen
Este artigo busca traçar uma cronologia das produções literárias escritas em primeira pessoa (autobiográficas), por indivíduos brasileirxs e com a sorologia positiva para o vírus HIV - nomeadxs pelo discurso biomédico por indivíduos "soropositivxs". Ao construir uma linha do tempo de tais produções refletimos sobre a transformação da nomenclatura editorial "literatura da AIDS" (que repercutia os medos e indefinições do início da epidemia do Hiv/Aids, na década de 1980) para um novo tipo de consumo literário baseado no rótulo mercadológico de "literatura pós-coquetel" (produções pessoalizadas, centradas no conceito de autoria, institucionalizadas a partir do surgimento dos medicamentos de controle do vírus HIV no início da década de 1990, denominados de antiretrovirais). A partir de uma reflexão afinada com os estudos feministas, pós-coloniais, decoloniais e queer buscamos discutir os processos identitários que atravessam as "autobiografias posithivas brasileiras", ao mesmo tempo em que problematizamos quais as corporalidades e subjetividades podem falar dentro de e a partir de um contexto de subalternização imposto por um diagnóstico de infecção crônica, tanto no campo biomédico quanto no campo cultural. Em linhas gerais refletimos sobre a questão: "Quem é o indivíduo soropositivx brasileirox que está autorizadx a produzir uma narrativa de si no campo literário brasileiro?